Atividade física é aliada no combate à Covid

Afirmação é de profissionais de educação física; em reunião da frente que tratado do assunto na Ales eles explicaram importância de atividade física na promoção da saúde

Profissionais de Educação Física falaram sobre a importância da prática de atividades físicas no enfrentamento à pandemia de Covid-19 e outras doenças em reunião da Frente Parlamentar para Debater a Educação Física no Espírito Santo da Assembleia Legislativa (Ales). O encontro foi realizado de forma virtual nesta quarta-feira (24).

De acordo com o PHD em Ciências Fisiológicas, Fabian Tadeu do Amaral, a atividade física é uma forte aliada no combate à pandemia. “O profissional de Educação Física está na frente tentando mudar o perfil dessa pandemia, tentando ser parte no processo de recuperação da saúde, de um modo geral. Ele precisa ser tratado como profissional da saúde”, afirmou. A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), definiu em fevereiro de 2020 que o professor de educação física deve ser considerado um profissional de saúde.

O especialista explicou que a atividade física, de maneira geral, auxilia nos sistemas de defesa do corpo humano. “O sistema imunológico melhora as linhas de defesa do sistema imune, começando pelos leucócitos. O exercício físico tem uma relação muito positiva com o sistema imunológico. É claro que um atleta não estará imune a uma doença como o coronavírus, mas o sistema imunológico dele vai responder de uma forma diferente”, explicou.

Já o professor Ramon Vinícius Coutinho Ferreira, salientou a importância do estímulo à prática de atividades físicas desde a infância e os prejuízos causados pelo sedentarismo no momento de crise sanitária. “A pandemia veio para mostrar o agravamento que causa o sedentarismo nas pessoas. As pessoas sedentárias e obesas acabam tendo uma mortalidade maior. Esse sedentarismo não começa na vida adulta. Quando a criança cresce sem nenhuma relação afetiva com alguma atividade física ou esporte é mais fácil ela se tornar um adulto sedentário”, alertou.

O aumento da obesidade no período da pandemia também mereceu destaque na fala do especialista. “Essa curva de sedentarismo aumentou muito na pandemia e a obesidade subiu demais. As doenças relacionadas à obesidade estão entre as três principais causas de morte no mundo. No Brasil, os custos com saúde relacionados à obesidade podem chegar a US$ 10 bilhões até 2050. É um gasto que você pode reverter incentivando as práticas de exercícios físicos desde a escola”, afirmou o educador.

Covid e academias

A doutora em Ciência da Motricidade Humana, Eliane Cunha Gonçalves, apresentou uma parcial de uma pesquisa que está sendo realizada pela Federação do Espírito Santo de Treinadores e Profissionais de Educação Física, da qual é presidente. Os números apontam que entre os 200 entrevistados, 62,7% dos indivíduos que fazem exercício físico em academias não contraíram a Covid-19 e 37,3% contraíram. Dos infectados, 53,8% ficaram assintomáticos, 32,1% com sintomas leves, 13,2% com sintomas moderados e somente um indivíduo foi internado, não tendo evoluído para intubação.

“Esses dados já nos mostram a importância do exercício na prevenção não só da Covid, mas também dos sintomas. Os indivíduos que estão parados aumentam a probabilidade da incidência de diversas doenças, não só da Covid. A gente está enxugando gelo, cuidando da doença e não está investindo na prevenção. Fatores fundamentais nessa prevenção além de todos que já conhecemos são a alimentação, qualidade do sono e exercício físico” orientou a doutora.

Eliane também apresentou alguns dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que chamaram a atenção. De acordo com a organização, uma criança de até 4 anos de idade deve “se mexer” por 180 minutos a cada dia. Na faixa etária entre 5 e 18 anos, a recomendação é de 60 minutos diários de movimentação. Já na fase adulta, a entidade recomenda a prática de atividades físicas por 150 minutos, fracionados durante a semana.

A especialista observou ainda que as pessoas não devem mais pensar na atividade física somente com finalidades estéticas, como busca pelo corpo ideal. “A gente precisa entender que o exercício físico hoje não é uma questão de estar mais sarado, de ter um abdome bonito, de ter uma coxa torneada, é uma questão de saúde pública, é uma questão de diminuir a incidência de inúmeras doenças, principalmente as doenças não transmissíveis. O que mais temos observado, e que muitas vezes age de maneira silenciosa, é a ansiedade e a depressão”, alertou.

A reunião foi conduzida pelo presidente do colegiado, deputado Gandini (Cidadania). O parlamentar trouxe alguns dados do Painel Covid, do governo estadual, que apontam que muitas doenças que podem ser desenvolvidas ou agravadas pelo sedentarismo estão entre os fatores de risco. De acordo com os dados, das 7.110 pessoas mortas por Covid-19 no Espírito Santo, 684 eram obesas, 2.166 diabéticas, 4.019 sofriam de alguma cardiopatia e 429 eram tabagistas. “São dados que ajudam muito a verificar como a Covid está agindo fortemente nas pessoas com comorbidades em geral”, afirmou.

Bolsa Atleta

Representando a Secretaria de Estado de Esportes e Lazer (Sesport), o gerente de Esportes de Formação e Rendimento, Bruno Malias, falou um pouco sobre o programa Bolsa Atleta. De acordo com o gerente, em 2020 foram investidos R$ 2,1 milhões em 122 atletas. Em 2021 serão investidos mais R$ 2,2 milhões para 140 atletas. Bruno explicou que esses esportistas possuem acompanhamento especializado de profissionais da área, registrados obrigatoriamente em conselho de classe. Mais de 10 mil profissionais são registrados hoje no Conselho Profissional de Educação Física do Espírito Santo.

Publicado em AL.ES.GOV.BR
Texto: João Caetano Vargas



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